A compra em estabelecimentos comerciais perto de casa se tornou imperativa diante da necessidade de distanciamento social e da consequente redução do descolamento das pessoas. Até por isso, os pequenos varejistas, os mercados e as lojas de bairro, ganharam um protagonismo como há tempos não se via.
A importância deles para a revitalização das cidades mesmo depois que a pandemia de Covid-19 passar foi tema de um dos debates do segundo dia do Retail’s Big Show, maior evento de varejo do mundo, promovido pela National Retail Federation (NRF), a federação que representa o setor nos EUA. O evento tem cobertura completa do portal Mercado&Consumo.
A vice-presidente de Estratégias de Educação da NRF, Susan Reda, conversou sobre o assunto com o fundador e CEO da Lightspeed, Dax Dasilva. A Lightspeed é uma fornecedora de software de ponto de venda e comércio eletrônico com sede no Canadá. Fundada em 2005, ela hoje oferece seus serviços para mais de 100 mil empresas de varejo, alimentação e hospitalidade em 100 países.
Susan Reda comentou como a pandemia causou mudanças massivas no comportamento do consumidor e destacou o fato de a empresa de Dasilva operar, especialmente, com pequenos negócios, que têm se mostrado extremamente resilientes apesar da crise.
“Vimos o surgimento de mais canais digitais e uma preocupação grande com a recuperação. Percebemos que os pequenos negócios são mais ágeis, flexíveis e capazes de se adaptar do que imaginávamos. Antes, ser omnichannel era uma ambição para eles; agora, é essencial”, disse o executivo. “Enquanto as vendas como um todo cresceram menos, as nossas tiveram um incremento de 20%.”
‘Todas as ferramentas da caixa’
Alguns negócios, claro, se destacaram mais. Dasilva cita como exemplo segmentos relacionados à prática de esporte ao ar livre, como o de venda de bicicletas. Na outra ponta, o setor de moda sofreu mais. Mas, segundo ele, todos aprenderam a se adaptar, cada um a seu modo, aos diferentes estágios da pandemia.
“A adoção da tecnologia foi o que fez esses negócios serem resilientes. Eles estão dispostos a usar todas as ferramentas da caixa para garantir que vão continuar vendendo. No fim de abril, três quartos dos nossos clientes já estavam capazes de fazer transações com seus clientes. Eles mostraram capacidade de para mudar.”
Para Dax Dasilva, as lojas físicas, se ainda não o fizeram, terão de reagir à nova realidade criada pela pandemia. Alguns espaços terão de ser ressignificados. Se antes se falava muito sobre como criar novas experiências para o consumidor, agora, na opinião dele, elas terão de estar necessariamente ligadas à tecnologia. Ele citou exemplos como a adoção de modelos clique e retire e drive-thru. Experiências e pagamentos sem contato também devem fazer parte do “legado” da pandemia.
Maior valorização da compra local
Os investimentos feitos pelos pequenos negócios têm ecoado bem para os clientes. O executivo disse que, atualmente, 55% dos norte-americanos estão dando preferência a eles. “Todos aprendemos a valorizar a importância da compra local”, acredita.
Durante a NRF, a Lightspeed lançou uma solução de pedido de estoque totalmente integrada para o gerenciamento da cadeia de suprimentos de pequenas e médias empresas. A ideia é democratizar o acesso à visibilidade do inventário estratégico, antes reservado predominantemente para o varejo corporativo e gigantes do comércio eletrônico.
A solução permite, por exemplo, que o varejista faça do download de catálogos de produtos diretamente dos fornecedores, já com imagens que podem ser colocadas no e-commerce e informações que são atualizadas em tempo real. A vantagem, para o fornecedores, é saber que tipo de produto tem mais saída.
Imagem: Divulgação/Lightspeed
Fonte: mercadoeconsumo